MAS propõe "diálogo" à esquerda contra "submissão" à austeridade
Em declarações à agência Lusa a propósito do primeiro congresso do MAS, hoje à noite na Voz do Operário, Gil Garcia, um dos fundadores, disse esperar que este novo movimento represente "nesta segunda década do século XXI aquilo que o Bloco de Esquerda (BE) representou na primeira e nos finais dos anos 90".
O MAS está no início do processo de recolha das 7.500 assinaturas legalmente exigidas para ser constituído como partido e é formado por vários membros da Ruptura/FER que decidiram abandonar o BE.
Na opinião de Gil Garcia, que liderou esta corrente interna dentro do BE, os bloquistas "perderam o sentido estratégico da renovação da política em Portugal" ao interromperem "o ciclo de serem um partido de causas fraturantes".
No entanto, o dirigente disse querer construir com o BE e o PCP uma "plataforma alargada de esquerda".
"Depois de legalizarmos o MAS, recolhendo as 7.500 assinaturas, vamos começar a iniciar um diálogo com todas as forças políticas de esquerda que não se revêm nos planos de austeridade e que são contra os atuais cortes salariais e o memorando da 'troika'", disse.
Gil Garcia referiu que "o país está confrontado com uma situação em que se realizou o sonho de Sá Carneiro, que era uma maioria, um presidente e um governo" e que estes atores políticos estão "lamentavelmente a trabalhar juntos para a submissão do país ao memorando de entendimento com a 'troika' e a uma dívida ilegítima e injusta".
"É necessário interromper este ciclo de austeridade forte", defendeu.
No plano político, Garcia considerou que "a esquerda tem estado muito aquém das necessidades" e "não tem apresentado propostas de governo alternativas".
"É aí que entra o MAS, que irá sugerir uma ampla plataforma de unidade para vir a substituir esta maioria de direita, este presidente e este Governo de modo a iniciar um ciclo que gere emprego, uma nova economia que gere emprego e que tire as pessoas da miséria e do empobrecimento a que o país tem vindo a assistir", afirmou.
Gil Garcia disse que hoje "não há ninguém na esquerda em Portugal que proponha" a suspensão do pagamento da dívida e considerou que essa é uma medida fundamental para "poder ter recursos para investir na economia e gerar emprego".
"Se o país não interrompe, de forma corajosa, o pagamento dessa mesma dívida, não tem recursos para gerar emprego", advogou.
Para Gil Garcia, só depois se deve realizar um "ciclo de auditoria que permita averiguar o que é que existe nessa dívida", notando que "existem juros completamente agiotas, parcelas da dívida muito duvidosas".
"Não se pode fazer ao contrário, que é o que se está a fazer neste momento e que é primeiro paga-se aquilo que não se sabe de quem é a responsabilidade, se é justo, se é injusto, se é correto, se é incorreto, se é legal ou se é ilegal", concluiu.